Região Metropolitana do Vale do Paraíba enfrenta, há uma década, o processo voraz e predatório de desindustrialização, que assola o país
FGV diz que confiança da indústria atinge maior patamar desde janeiro (Miguel Ângelo/CNI)
A indústria esvazia.
Uma das mais industrializadas do país, a Região Metropolitana do Vale do Paraíba enfrenta, há uma década, o processo voraz e predatório de desindustrialização, que assola o país.
Tradicionais fábricas fecharam nesse período, empregos foram perdidos e o salário médio da população vem diminuindo ano a ano.
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Mais recentemente, a região despediu-se da fábrica da Ford e da divisão de celulares da LG em Taubaté e acompanha a paralisação da produção de veículo na Caoa Chery em Jacareí. No mínimo, 2.000 empregos diretos foram impactados e outros 6.000 estão ameaçados na cadeia indireta.
Levantamento de OVALE com base em dados oficiais do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e da Previdência Social, mostra que o setor industrial da RMVale gera atualmente 3,4 vezes menos empregos do que gerava há 10 anos.
Isso num período em que cresceram o número de pessoas no mercado de trabalho, o nível de sofisticação tecnológica na indústria e o mercado consumidor.
Mesmo assim, o emprego industrial caiu enormemente em 10 anos, o que revela o tamanho do desafio que terá o próximo presidente da República para colocar a política industrial de volta aos trilhos.
“A redução da participação das atividades industriais esteve associada ao aumento do emprego precário na área de serviços, e menor no campo da inovação, como nos países desenvolvidos”, escrevem o economista Edson Trajano e o historiador Moacir José dos Santos no artigo “A desindustrialização brasileira”.
Vamos aos números do Caged.
Nos três anos entre 2010 e 2012, as indústrias do Vale do Paraíba tiveram um saldo positivo de 12 mil novos empregos, perdendo apenas para o comércio (17,9 mil) e setor de serviços (17,4 mil).
Dez anos depois, em pleno governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), as indústrias têm saldo de 3.408 empregos entre 2019 e 2022 (até o mês de maio).
Trata-se de 3,5 vezes menos do que o setor industrial tinha como saldo de emprego há 10 anos.
Nenhuma outra categoria caiu tanto quanto a indústria. O setor de serviços, por exemplo, gerou quase o mesmo saldo positivo de empregos de há 10 anos: 17,4 mil para 16,5 mil. O comércio gerou 2,7 vezes menos: 17,9 mil para 6.512.
Além da falta de política pública específica para o setor industrial, o governo federal não consegue responder à altura os desafios trazidos pela crise econômica iniciada em 2014 e a pandemia do novo coronavírus.
Com isso, desde 2010, segundo os dados do Caged, as indústrias da RMVale registra, saldo de 6.634 empregos perdidos, o que é mais do que o dobro do que emprega a montadora Volkswagen em Taubaté.
O setor de serviços fechou o mesmo período gerando 31 mil empregos e o comércio abrindo 21,3 mil novas vagas. Ambos os setores pagam salários menores do que os da indústria.
Para Trajano e Santos, autores do artigo acadêmico sobre a desindustrialização, a falta de ação do governo federal ocorre enquanto nações asiáticas vão se industrializando largamente.
“A ausência de uma política industrial com incentivo à elevação da produção nacional tem correlação direta com a integração subordinada do país à divisão internacional do trabalho, pois favoreceu a fragilização do Estado nacional nas últimas décadas”, apontam os autores.
“Por conta da ausência de uma política industrial [no Brasil], a vitalidade das atividades industriais foi mantida nos países asiáticos, sobretudo China e Índia.”
A situação da indústria da RMVale não melhorou nem mesmo com a reforma trabalhista, aprovada em novembro de 2017 com a intenção de gerar emprego, especialmente no setor indústrial.
Nos quatro anos após a reforma, entre 2018 e 2021, as indústrias do Vale perderam 562 empregos. O saldo continuou negativo e vem desde a crise econômica. Entre 2014 e 2017, as indústrias da região perderam 22,9 mil empregos. O saldo só foi positivo entre 2010 e 2013, quando o setor gerou 13,4 mil postos de trabalho no Vale.
POLÍTICA
“A ausência de uma política industrial com incentivo à elevação da produção nacional tem correlação direta com a integração subordinada do país à divisão internacional do trabalho, pois favoreceu a fragilização do Estado nacional nas últimas décadas”. Essa é a opinião do economista Edson Trajano e o historiador Moacir José dos Santos no artigo “A desindustrialização brasileira”.
“A integração subordinada impossibilitou a resistência à abertura econômica associada ao atendimento dos interesses das corporações transnacionais, em detrimento das necessidades da população brasileira”.
12/08/2022 - 17:28
09/08/2022 - 15:42
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