Da redação @jornalovale | @jornalovale
Muitas vezes sinônimo de distanciamento, a tecnologia hoje, em tempos de isolamento, tem feito o caminho inverso e se tornado uma importante ferramenta de aproximação das pessoas.
Em época de quarentena, em que o ideal é que todos fiquem em suas casas, a tecnologia, antes 'vilã' e responsável por um contato mais frio, agora tem se tornado fundamental para convívio social e profissional.
O demógrafo Leandro Becceneri, 32 anos, mora no prédio quase ao lado de sua avó Angelina, 86 anos, de origem portuguesa e que morava em Santos até 2018. Ela se mudou para a região central de São José dos Campos e vive sozinha no apartamento. É totalmente independente.
Com a quarentena, Angelina, que é do grupo de risco, passou a não sair mais de casa. A solução do demógrafo foi usar a tecnologia para manter o contato diário com a avó. "Os nossos prédios são bem próximos, mas não nos encontramos por causa da epidemia. Usamos vídeos pelo celular e nos falamos todos os dias. Minha irmã também faz isso, de Ribeirão Preto", contou.
No sábado, a pizza também contou com a presença da avó. Becceneri fez pedidos para sua casa e para a da avó, e eles comeram juntos, conectados pela internet. "É para tentar aproximar mesmo, a experiência de estar perto, driblar a distância física", disse ele. "Alternativa muito interessante para o momento. Ela passeava bastante e a internet ajuda a gente a acompanhar, combater a solidão dela, que usa bastante a rede", completou.
Situação semelhante é vista no Lar São Vicente de Paulo, em São José. Como os idosos não podem receber visitas presenciais no período, a solução foi pedir que familiares enviassem vídeos por celular.
Deu tão certo que os próprios velhinhos também começaram a gravar, e até participar de chamadas em vídeo. "Pode não ter o contato físico das visitas diárias, mas tem contribuído muito para que nossos idosos sintam o menos possível esse impacto. Para eles, a tecnologia era algo que nunca imaginavam ter acesso. E hoje, se torna uma ferramenta fundamental para esse resgate familiar", afirmou a assistente social Patrícia Maria do Nascimento Rebelo.
EDUCAÇÃO.
Além do convívio social, o que também tem mudado bastante é a questão profissional. Em isolamento, muitas pessoas têm trabalhado em casa, no sistema home office. E para estudar, não é diferente.
O instituto Alpha Lumen, uma ONG (Organização Não Governamental) educacional em São José, escolheu ampliar suas atividades online para seguir atendendo os alunos.
"Ao mesmo tempo que essa situação é uma catástrofe, é também uma grande oportunidade. O papel da tecnologia na mão das crianças está mudando a cabeça delas. Ao invés de não sair das redes sociais, agora a internet também está sendo um outro elemento para elas", afirmou a educadora Nuricel Villalonga, fundadora do Alpha Lumen.
"Nós já focamos para atividades específicas, e a estrutura da aula muda. Por ser online, ela precisa ser mais rica em recursos, para integrar a garotada", completou..