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Dirigentes e médicos da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e do Hospital das Clínicas, ambos ligados à USP (Universidade de São Paulo), divulgaram um estudo para defender a manutenção do isolamento social como forma de evitar o pico prematuro da Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.
Segundo eles, uma tentativa de flexibilização precoce e não articulada do isolamento social poderia levar a população a acreditar que o pior momento da crise já tenha passado, comprometendo o esforço para preparar o sistema de saúde para salvar vidas.
No documento, os autores citam estudo anterior de pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista) que mostra que o interior, de um modo geral, está cerca de três semanas atrasado em relação à capital para um aumento do número de casos, que irá acontecer sem qualquer dúvida.
"Evidências científicas acumuladas no exterior e no Brasil demonstram de modo inequívoco o impacto do distanciamento social ampliado como única medida eficaz no controle da velocidade de propagação da infecção pelo SARS-CoV-2 [o novo coronavírus] em todo o mundo e sobre a adequação da capacidade instalada de atendimento à população acometida", apontam os pesquisadores da USP.
Os cientistas dão como exemplo a situação de três países nórdicos, que tiveram a primeira morte por Covid-19 no mesmo período, entre os dias 11 e 14 de março.
"Enquanto a Suécia adotou medidas brandas, Noruega e Dinamarca foram mais agressivas nas medidas restritivas. A Suécia tem mais mortes em números absolutos e proporcionais do que a soma dos dois países vizinhos."
Os pesquisadores admitem, sem qualquer dúvida, que a epidemia trará grandes impactos à economia, mas dizem que "dados objetivos e sistematizados disponíveis sobre pandemias anteriores" mostram que há consonância entre "medidas de contenção do vírus e de proteção econômica".
"Essa discussão é superficial e parece ser contaminada por aspectos com conteúdo emocional", apontam os pesquisadores sobre a dicotomia entre "vida e economia" no país.
Os cientistas concluem que "nenhuma economia sobreviveria com seus cidadãos sendo infectados, adoecendo e se sentindo ameaçados de não terem acesso ao atendimento hospitalar".
Nesse contexto, o "distanciamento social ampliado é imperativo" e "a única alternativa a ser adotada" na atual pandemia do coronavírus.
Estudo do FED e do MIT mostra recuperaçãode cidades isoladas após a gripe espanhola
Estudo de economistas do FED (Banco Central Americano) e da Escola de Negócios e Gestão do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) sobre o impacto do distanciamento social na pandemia da gripe espanhola, em 1918 nos EUA, concluiu que as cidades e regiões que adotaram medidas restritivas precocemente e por mais tempo tiveram menos perdas e desorganização no sistema de saúde. Elas também se recuperaram mais precocemente no emprego, na produção industrial e na retomada da economia.