RMVale bate recorde de mortes e casos e explosão vira ameaça ao sistema de saúde

Alta nos números por Covid-19 coloca em risco o plano de flexibilização do Estado, com o Vale na mira; nesta sexta, região bateu recorde de novos casos e de mortes confirmadas

Xandu Alves | @xandualves10

O avanço do coronavírus pelo interior de São Paulo, em uma velocidade cada vez mais intensa, leva o Estado a endurecer a flexibilização anunciada no início de junho.

A ideia inicial da ‘retomada consciente’ era de reabrir gradualmente a economia, mas o aumento de infectados, mortes e principalmente de internações têm feito o Estado tomar o sentido contrário.

Embora com tendência de passar de fase na flexibilização, a partir de julho, o Vale do Paraíba vem sendo monitorado para que a doença não fuja do controle e colapse o sistema de saúde.

A região tem ocupados 30,7% dos leitos de enfermaria e 54% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) reservados para Covid-19, portanto há “condições de assistir pacientes”, disse a Secretaria de Estado da Saúde.

Porém, os sinais do avanço da doença pela RMVale não faltam.

Em junho, mês marcado pela reabertura de comércios e shoppings, o número de casos confirmados de Covid-19 explodiu na região, com mais de 2.500 doentes até o dia 19. Trata-se de mais casos do que todos os registrados do início da epidemia no Vale até 31 de maio. Nesse período, foram identificados 2.244 casos.

Ao todo, são 4.884 casos confirmados e 188 mortes até a noite de sexta-feira (19), sendo dois recordes: 341 casos e 13 óbitos confirmados apenas nesta sexta, maior número registrado até agora na região para um período de 24 horas. 

Claramente a doença atingiu uma velocidade de subida vertiginosa neste mês, o que deixa dúvidas se o crescimento se manterá no mesmo ritmo pelas próximas semanas ou tende a desacelerar. Especialistas ainda apostam na primeira alternativa.

“No que se refere ao interior paulista, acompanho com apreensão as medidas de flexibilização porque observa-se nas últimas semanas uma aceleração nos números de casos confirmados e óbitos, o que não justificaria o enfraquecimento do isolamento social”, afirmou a OVALE o professor Raul Borges Guimarães, coordenador do Laboratório de Biogeografia e Geografia da Saúde da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Presidente Prudente.

RELAXAMENTO.

O aumento se deu após queda no isolamento social, a partir da metade de maio, o que reflete nos números da primeira quinzena de junho -- dinâmica de contágio da doença indica um período de 15 dias.

Com a luz amarela acesa, o governo estadual recuou e manteve a região na classificação laranja (fase 2, der controle) do Plano São Paulo, mesmo após indicar tendência de maior flexibilização. Isso ocorreu há duas semanas.

O mesmo acontece agora e o Vale entra no grupo de oito regiões do estado com tendência de avançar no programa de reabertura. A confirmação virá na última sexta-feira do mês, quando o governo estadual indicará a reclassificação do Plano São Paulo. Em 1º de junho, o plano classificava duas regiões na fase vermelha (alerta máximo), 11 na fase laranja (incluindo a capital) e quatro na fase amarela (flexibilização).

Na metade do mês, depois do avanço de casos e mortes no interior, o governo recuou e rebaixou três regiões para a fase vermelha e deixou todas as outras na laranja.

No final do mês, uma nova classificação será indicada e a possibilidade de recrudescimento não está descartada, se o número de internações por Covid-19 continuar acelerando para cima.

Na sexta (19), o governo antecipou que as regiões de Marília e Barretos vão recuar de fase e fez alerta para as cidades de Campinas e Sorocaba. O Vale está na mira.

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