Um milhão de motivos

Nessa sexta, país atingiu marca de 1 milhão de doentes, 49 mil mortos pelo vírus e 35 dias sem ministro da Saúde

O Brasil superou nessa sexta-feira a marca de 1 milhão de casos confirmados de Covid-19. Mais exatamente, 1.038.568 de infectados. Já as mortes pela doença chegaram a 49.090 no país. Devem passar de 50 mil óbitos nesse fim de semana.

Nessa sexta-feira, o Brasil também completou 35 dias sem ministro da Saúde. Na maior crise sanitária dos últimos 100 anos, o país tem, no comando do setor, um militar. Alguém que não é médico.

Não que a nomeação de um ministro médico fosse suficiente para resolver, por si só, todos nossos problemas. Médicos, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, antecessores do militar Eduardo Pazuello, tiveram seus apontamentos técnicos ignorados sistematicamente por aquele que, ao lado do vírus, é a maior ameaça ao Brasil hoje: o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

Bolsonaro que nessa sexta, no dia em que o país superou a marca de 1 milhão de casos, voltou a minimizar o coronavírus. "Quase 90% não sentem quase nada. Nem sintoma de gripe tem".

O presidente ainda voltou a tentar tirar o corpo fora e se eximir de qualquer responsabilidade pela crise agravada pela pandemia - principalmente pelo lado econômico. "Se dependesse de mim, mas o Supremo [Tribunal Federal, o STF] diz que são os governadores que fazem essa política, eu não teria [falado para] o pessoal parar de trabalhar. E quem tem 40 anos para baixo não tem problema, a chance de ter problema é ínfima".

Ou seja: enquanto o país é engolido pelo vírus, com mais de 1.200 mortes diárias entre terça e sexta, o foco de Bolsonaro é distorcer a decisão do STF e tentar enganar o eleitorado. Como se o presidente, a pessoa que ocupa o cargo máximo do Brasil, não pudesse fazer nada. A verdade é outra: não faz porque é incompetente, como ficou bastante evidente em quase um ano e meio de governo.

E outra: como a principal proposta de Bolsonaro (ignorar as orientações de isolamento social e manter as atividades econômicas, com pouquíssimas restrições) ajudaria a termos menos mortos e menos infectados? Os números seriam ainda piores, óbvio.

O presidente dá, todos os dias, inúmeros exemplos de sua incapacidade. Para infelicidade geral, a única coisa que avança no Brasil de Bolsonaro é o vírus.

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