Desmoronou. Dia 24 de abril de 2020 entrará para a história brasileira como o dia em que o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) implodiu. Ao pedir demissão do Ministério da Justiça e da Segurança Pública, o ex-juiz Sergio Moro fez questão de sair atirando e deixando claro que tem munição pesada, um verdadeiro arsenal para atacar o chefe do Executivo, que tentou interferir indevidamente em investigações em curso na Polícia Federal -- prática que não foi realizada nem durante os governos do PT, no auge da Operação Lava Jato, como destacou Moro durante o seu pronunciamento.
O ex-magistrado, como o maior símbolo do lavajatismo e do combate à corrupção no país, tinha papel estratégico junto ao eleitorado do presidente, sendo tratado como um super-herói pela direita brasileira e atingindo popularidade superior a de Bolsonaro.
Mas a saída de Moro é mais grave para o Planalto do que o forte impacto que a medida já provoca na base de apoio ao governo, um número de 30% do eleitorado.
Além de perder o rosto do combate à corrupção, Bolsonaro foi por seu ex-super-ministro acusado de praticar crime de responsabilidade e crimes comuns.
Moro está armado com prints e gravações -- a primeira delas já é estarrecedora, com a tentativa de mudar o comando da PF porque deputados aliados de Bolsonaro estavam sendo investigados.
Procuradoria pediu à Corte Suprema um inquérito para apurar as denúncias. A oposição pede o impeachment. A falácia do combate à corrupção por Bolsonaro desmoronou pelas mãos de Moro. O governo acabou..